sábado, 14 de maio de 2011

O Paciente como co-terapeuta

Muitos cantores procuram a fonoterapia para melhorar seu desempenho vocal, outros porque ao longo do tempo desenvolveram patologias vocais.
Tais Aragão, cantora gospel procurou o atendimento fonoaudiológico visando a melhoria do seu desempenho vocal. Na entrevista inicial e avaliação verifiquei que Tais, tinha uma tendência muito grande a rouquidão e Rinite Alérgica, o que dificultava bastante a produção vocal.
Apesar do que foi citado acima, o nosso texto não se refere as técnicas utilizadas no atendimento fonoaudiológico ou sobre os resultados deste atendimento propriamente dito, que de mais importante desejo relatar aqui, são os efeitos de um trabalho realizado com uma paciente disciplinada, com boa percepção da proposta terapêutica,  que não tem postura imediatista e persevera nos exercícios propostos.
A principio realizamos exercícios de respiração, repetitivamente, exercícios estes que ao longo do tempo se tornam cansativos para o paciente, mas que surtem grande efeito no que diz respeito ao aumento da capacidade vocal, neste a mesma executou com toda dedicação e pôde observar que começou a alcançar tons que antes só conseguia com grande esforço.
Realizamos outros exercícios como voz salmodiada, vibração de língua e lábios, contando com toda disposição e dedicação de Tais, sempre dedicada e cuidadosa.
Após verificar a postura da mesma, entendi que era possível implementar exercício pouco convencional, exercícios de mastigação sucção e deglutição, sendo estes fora da rotina na terapia de voz e que poderiam parecer desnecessários para uma cantora, estes foram abraçados pela mesma, executados com confiança e disposição, tornando possível o sucesso da terapia.
Foi possível observar que, TAIS ARAGÃO, teve ganho máximo no seu processo terapêutico por entender que cada exercício tinha sua importância, e que os mesmos não precisavam ter uma ligação direta com produção vocal.  
Por fim, realizamos um trabalho profundo, buscando as funções primarias, desde a adequação respiratória até a muscular para um máximo desempenho no canto.

Fonoaudiologia: o Fonoaudiólogo e uma visão holística.


Como fragmentar o paciente, dividir as partes psicológicas, sociais das questões fonoaudiológicas ?
Acredito que seja completamente impossível, principalmente porque estes fatores repercutem de forma direta no processo terapêutico.
Deve existir uma forma de lidar com esta questão, sem incorrer em erro de penetrar em questões fora da alçada do fonoaudiólogo, sem fragmentar o paciente, sem isolá-lo no universo de um saber, ficando o profissional alheio às questões psicológicas, por exemplo. Como podemos isolar as questões emocionais em uma terapia de reabilitação de paciente neurológico, com seqüelas faciais, com dificuldade de encarar uma paralisia facial em frente ao espelho?
Para quem poderia pensar isso, não vou discorrer sobre o assunto, por ser uma questão complexa a se debater, na verdade o que espero é a abertura de um pensamento que sempre fica adormecido com os profissionais de saúde.
O que posso dizer sobre mim sobre a minha terapêutica, é que dentro da frágil estrutura em que todo terapeuta está enquadrado, procuro ver o paciente como ser humano e não como uma boca, observo suas necessidades como aquelas relatadas pelo paciente e não aquelas que eu entendo por necessidade e sempre acolho e encorajo o mesmo em todos os momentos.
Aguardo comentário de todos.